Segredos
Sempre me chamou a atenção, aquele rapaz.
Ele lanchava na mesma lanchonete que eu. Todos os dias, à mesma hora, vejo o
entrar, sozinho, elegante com uma roupa muito escura, os cabelos muito lisos e
presos. Pisa no chão com passos incertos, o seu corpo era muito magro
encurvado, como se carregasse um peso enorme ou um segredo. Sim porque os
segredos pesam como fardos. O seu olhar
era triste, desde a primeira vez que vir tive a sensação de algo estranho. Em
um belo dia de sol, ele chegou à porta da lanchonete com um olhar diferente,
notei que existia alguma transformação fiquei a observar foi então que pude ver
tirando do bolso e pondo sobre a mesa. Inclinei-me para ver era uma carta. Nesse instante pude ver seu olhar com mais
brilho aquilo me chamou à atenção era a carta que o transtornaram. E eu pude
julgar que tinha algo em relação com seu segredo fosse qual fosse. Os olhos traem.
Muitos
meses se passaram.
Todos os dias, à mesma hora,
ele continuou lanchando na lanchonete seu olhar novamente com brilhos apagados
parece que o efeito da carta passou. Sei que nunca saberei o que estava escrito
ali. E que nunca aquele rapaz vem falar comigo. Mas pelo menos pude descobrir
algo. Ao chegar à lanchonete ontem sentou-se à
mesa ao lado da minha. Era o momento de observá-lo bem de perto, vestia
uma camisa de manga longas e de cor escura e em curvou os braços para pegar o
cardápio e ai pude ver uma marca no seu pulso de uma cicatriz. Um dia, ele quis
morrer, e tenho certeza que foi por amor.
Ivanilda Vicente Tavares